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CPI da Fosfo aprova convocação de nove pessoas

Os membros da CPI investigam se os testes clínicos, realizados em julho do ano passado e que seguiram até março deste ano.

O deputado Ricardo Madalena (PR) é o relator da CPI
O deputado Ricardo Madalena (PR) é o relator da CPI

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Fosfoetanolamina, que acontece na Assembleia Legislativa de São Paulo, esteve reunida na terça-feira, 7/11, em sua segunda sessão, quando aprovou a convocação de nove pessoas para falar sobre os testes clínicos feitos em humanos para a liberação da substância sintética, também conhecida como pílula do câncer. O deputado Ricardo Madalena (PR) é o relator. A presidência é do deputado Roberto Massafera (PSDB).

Os membros da CPI investigam se os testes clínicos, realizados em julho do ano passado e que seguiram até março deste ano, para testar a eficácia da fosfoetanolamina sintética no tratamento do câncer, seguiram o protocolo e as normas da Anvisa no sentido de apurar seu resultado.

A presença dos convocados acontece de acordo com a disponibilidade dos mesmos dentro do prazo da CPI. A CPI, que teve início dia 31/10, tem um prazo de 90 dias para concluir os trabalhos, prorrogados por mais 45 se houver necessidade.

Entre os convocados estão o professor Gilberto Chierice, um dos estudiosos da pílula, e Bernadete Chioffi, membro da auditoria dos testes clínicos, além do presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira. A próxima reunião da CPI será na próxima terça-feira (14), às 14h30.

Os testes em humanos foram conduzidos pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Em março deste ano, o Icesp suspendeu os estudos porque concluiu pela falta de comprovação da eficácia da fosfoetanolamina sintética no combate ao câncer. Segundo a pesquisa, de 72 pacientes com tumores sólidos avançados tratados com a pílula do câncer, apenas um obteve resposta parcial.

O relator da CPI, deputado Ricardo Madalena (PR), informou que a comissão vai investigar se os testes feitos no Icesp realmente cumpriram o protocolo da Anvisa. “Vamos apurar com muita responsabilidade e transparência se houve crime”. De acordo com o parlamentar, se forem constatadas falhas, os culpados serão responsabilizados. “Segundo consta, precisamos apurar se as recomendações do corpo clínico do professor Gilberto [Chierini] foram seguidas. E também se cumpriram o protocolo que é norma da Anvisa.”

Na mesma linha segue o presidente da CPI, Roberto Massafera: “Os auditores que participaram [dos testes clínicos] apontaram várias falhas, e essas falhas não foram corrigidas. Para se ter a dosagem ideal de um produto, que ainda não é medicamento, é preciso fazer um teste chamado fármaco-dinâmico. E isso não foi feito”, disse o deputado. “Ao final dos trabalhos, a CPI tem a obrigação de investigar se o dinheiro que o Estado aportou para essa pesquisa foi bem utilizado. E vamos responsabilizar se não foi. E refazer o que não foi feito”, acrescentou o deputado.

A CPI é composta também pelos deputados Márcia Lia (PT), Ed Thomas (PSB), Cássio Navarro (PMDB), Sebastião Santos (PRB), Márcio Camargo (PSC), Rafael Silva (PDT) e Gileno Gomes (PSL).

Histórico

Sintetizada há mais de 20 anos, a fosfoetanolamina foi estudada pelo professor aposentado Gilberto Orivaldo Chierice, quando ele era ligado ao Grupo de Química Analítica e Tecnologia de Polímeros da USP, no campus de São Carlos. Algumas pessoas passaram a usar as cápsulas contendo a substância, produzidas pelo próprio professor, como medicamento contra o câncer.

No Icesp, os testes foram feitos com base em orientações de Chierice, da sintetização e encapsulamento até a dosagem oferecida.

Em junho de 2014, uma portaria da USP determinou a obrigatoriedade de substâncias em fase experimental terem todos os registros antes de serem distribuídas à população.

Desde então, pacientes que tinham conhecimento das pesquisas passaram a recorrer à Justiça para ter acesso às pílulas. O Tribunal de Justiça (TJSP) de São Paulo chegou a receber centenas de pedidos de liminar para garantir o acesso à substância

No dia 22 de março do ano passado, o Senado aprovou o projeto de lei que possibilita o uso da substância mesmo antes de a fosfoetanolamina ser registrada e regulamentada pela Anvisa.

No mesmo mês, a USP denunciou o professor Gilberto Chierice por crimes contra a saúde pública e curandeirismo. A universidade também fechou o laboratório onde eram produzidas as pílulas, já que o servidor técnico que produzia a pílula foi cedido à Secretaria Estadual de Saúde para auxiliar na produção da substância para testes sobre seu possível uso terapêutico.

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a interrupção do fornecimento da pílula do câncer pela USP, após o fim do estoque. A Corte analisou um pedido feito pela universidade USP contra uma decisão do TJSP que determinava o fornecimento da substância.

Com Agência Brasil