Sicredi Novos Horizontes Itaí
Carlinhos Barreiros

Três vezes King

Mesmo com o preço assustador, fãs não deixam de adquirir a obra
“A Hora do Lobisomem” sai o mês que vem, julho

Os milhares de fãs brasileiros do escritor norte-americano Stephen King (entre os quais eu me incluo faz tempo) estão com o sorriso estampado de orelha a orelha: a Suma das Letras, editora que publica o autor no Brasil anunciou um pacote de obras de King de dar água na boca!

Os livros incluem a reedição de um original há oito anos fora de catálogo, “Zona Morta” (The Dead Zone, 1979), publicado inicialmente pela Editora Record no distante ano de 1981 e relançado pela Objetiva em 2009; a volta do raríssimo e celebrado “A Hora do Lobisomem” (Cycles of the Werewolf, 1983), lançado aqui em 1987 pela editora gaúcha L&PM e que depois disse adeus até agora e um box com os oito volumes da saga épica de King “A Torre Negra”, que o autor levou mais de vinte anos para terminar e que saiu nos Estados Unidos (o primeiro volume, “O Pistoleiro” – The Gunslinger, no original) em 1982.

Desnecessário dizer que as três obras foram adaptadas para o cinema, já que King é o autor mais transposto para a telona, com mais de 50 adaptações cinematográficas de seus livros. “Zona Morta” – que também foi série de TV e encontra-se à venda nas livrarias– conta a história de John Smith, pacato professor que sofre um acidente terrível voltando de um parque de diversões e entra em coma por mais de quatro anos. Quando todos já o davam por perdido, Smith volta à vida com o estranho dom de prever o futuro de quem toca. Quando aperta a mão de um obscuro vereador iniciante e vê a hecatombe nuclear do planeta, vai ter que se mexer para eliminar a ameaça incipiente. Já pensaram se ele aperta a mão de um Bolsonaro, por exemplo?

“A Hora do Lobisomem” sai o mês que vem, julho, em capa dura e integrando a Coleção Stephen King que a Suma iniciou o ano passado com o lançamento do sangrento e canino “Cujo”. Lindamente ilustrado pelo artista Berni Wrightson, o livro é dividido em doze capítulos, cada um deles com os nomes dos meses do ano, para mostrar as luas cheias, quando a Besta ataca. Numa das melhores cenas do livro, em Abril, numa tarde ventosa em que os garotos soltam pipas, o lobisomem agarra umas delas e corre ao encontro do garoto, que também corre em busca do brinquedo perdido, um em cada ponta, em direção ao outro. Levado ao cinema com o nome de “Bala de Prata”, fez um enorme sucesso e é um dos grandes hits do escritor na telona.

Com o lançamento iminente nos cinemas dos Estados Unidos da adaptação da série “A Torre Negra” o interesse em torno da série de King acentuou-se ainda mais, razão pela qual sua editora nacional está relançando o box com os oito livros da saga, ao precinho salgado de R$ 550,00! Milhares de fãs chiaram nas redes sociais, botaram a boca no trombone e até propuseram um boicote contra a ganância da Suma, ignorando o pacotaço milionário. Considerada a mais pretensiosa realização de King, “A Torre Negra”, ópera vintage com toques medievais e ambientação no faroeste ianque tem seus milhões de adoradores e detratores em igual proporção. Longa e complicada, com suas idas e vindas em portais do Tempo e dimensões paralelas, a obra estava parada no volume quatro e não ia para a frente, até que uma leitora – que estava com câncer terminal – escreveu ao escritor pedindo que retomasse a série, já que ela não queria morrer sem saber o fim da saga. E ele assim o fez, presenteando a Literatura mundial com um épico sem igual, um delírio criativo que só encontra paralelo na mítica série “O Senhor dos Anéis”, do professor inglês JRR Tolkien.

No box da Suma, um bônus: “O Vento Pela Fechadura” (The Wind Through the Keyhole) foi lançado bem depois do fim da saga, em 2012. Ambientado nos cenários da Torre Negra e com os mesmos personagens da epopeia, King pediu aos seus leitores que incluíssem o livro “entre os capítulos 4 e 5 da série", respectivamente “Mago e Vidro” e “Lobos de Calla”. Um dos melhores King de todos os tempos (pelo menos para mim), “Vento...” traz um livro dentro do outro: pegos numa tempestade que não dá trégua, os personagens da Torre Negra são obrigados a dar um tempo: nesse intervalo, Roland, o Pistoleiro, conta a seus companheiros de jornada uma história do seu passado: enviado por seu pai aos confins do reino junto com um amigo, ele tem que desmascarar, entre os rudes mineiros do local aquele que na lua cheia se transforma numa fera hedionda sedenta de sangue, o abominável Trocapele. Só esse livrinho fino (tem menos de 300 páginas) já vale o preço que a Suma está pedindo pelo box inteiro.                 

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